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Evan do Carmo, Nascido na Paraíba em (29/04/64) é poeta, escritor, romancista, jornalista, músico, filósofo e crítico literário. Fundou e dirigiu o jornal Fakos Universitário. Criou em 2009 a revista Leitura e Crítica. Tem 22 livros publicados, sua obra está disponível em 12 países, (dois livros editados em inglês. O Moralista e elogio à Loucura de Nietzsche.) Entre outros estão: O Fel e o Mel, Heresia poética, Elogio à loucura de Nietzsche, Licença Poética, Labirinto Emocional, Presunção, O Cadafalso, Dente de Aço, Alma Mediana, e Língua de Fogo. Participou também com muitos contos em antologias. Foi um dos vencedores do concurso Machado de Assis do SESC DF de 2005. Em 2007 foi jurado na categoria contos do concurso Gente de Talento 2007 promovido pela Caixa Econômica Federal, ao lado de Marcelino Freire. Em 2012 criou e edita os Jornais: Correio Brasília, Jornal de Vicente Pires, Jornal de Taguatinga e o Jornal do Gama. Seu mais recente livro é “Salve o Leão”. Evan do Carmo é estudioso da obra de José Saramago, em 2015 publicou o livro Ensaio sobre a Loucura e o livro Reflexões de Saramago, momentos antes de sua morte, o livro nos oferece um panorama perfeito na voz do próprio Saramago em forma de ficção ensaísta, sobre a obra do Nobel Português.

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Ensaio sobre Moisés e Aquiles.... Para quem tem desejo de conhecimento.

Ensaio sobre Moisés e Aquiles.... Para quem tem desejo de conhecimento.

 

Por que esta disparidade entre um povo e outro? O que faz parecer a uma nação, que ela seja superior a outra? Se é do senso comum que Deus criou os homens que hoje habitam a face da terra, da mesma essência, do mesmo barro?

É deste pensamento de supremacia que surgem as guerras, os conflitos mais absurdos, que pretendem separar tribos e etnias diferentes nos costumes que psicologicamente não possuem nenhuma superioridade visível. Há que admitir que alguns povos tiveram de fato acesso à educação, ao passo que outros continuam excluídos, mas não podem dizer que por isso sejam por natureza superiores a outros. Veja por exemplo, a noção de liberdade que há entre o povo grego,  querendo ou não os romanos, são eles, os gregos, o povo mais avançado no que tange à cultura, às artes como um todo. Sem levar em conta que Homero não possa vir a público e dizer qual é de fato a sua pátria, foram os gregos que o pegaram e o adotaram como o maior homem de cultura, que sem dúvida influenciou o mundo ocidental.

Que dizer de Sócrates? Mesmo Platão, com sua doutrina do eterno retorno das almas e com seus discursos plagiados do seu Mestre-mor, são de fato reconhecidos como cultura obrigatória para todo o mundo. Então, concernente aos judeus, é de se entender seu orgulho, pois que nação foi capaz de produzir tamanha teologia monoteísta, que povo foi tão protegido por seu Deus supremo como foram os judeus em sua epopeia incomparável? Imaginem o que isto produziu no escopo psicológico deste povo magnífico. Claro que esta postura de alta nobreza tem explicação plausível. Um povo que passou de escravo a senhor de modo milagroso e espetacular, como foi o resgate através do mar vermelho, sobre o comando divino às mãos de um líder humano, de força moral e pulso de um deus.

Moisés descansa nos anais da história como o maior líder que já existiu. Nenhum Aquiles ou outro herói qualquer, nem mesmo os deuses do Olimpo, que não se entendiam entre si, não raro demonstrando qualidades e vícios humanos, não serão nunca capazes de superar aquele que, não era deus, mas falava e representava diante do seu povo a força de um Deus, que não precisava aparecer aos mortais para comandá-los. É aí que reside justamente esta percepção superior, ante outras nações, sobretudo aos gregos, que, concernente aos seus deuses não se sabe se são deuses ou homens, que se sentiam superiores. Portanto, são só os judeus que apresentam de modo mais coerente a influência divina sobre suas magníficas conquistas territoriais.

Há um símbolo que representa de maneira irrefutável a origem do ideal de supremacia judaica, sobretudo no que tange à nação grega, que é sem dúvida o seu maior e único herói, Aquiles. Isso, portanto, se deve ao fato de que ele “seja de origem híbrida,” filho de uma deusa e de um mortal. Comparando Aquiles a Moisés, que não se portou como um deus nem mesmo como um guerreiro implacável e justiceiro; é gritante portanto, a diferença moral entre um e outro, ao passo que Aquiles, um semideus teve que partir para o confronto armado, direto contra seus inimigos, conduzido por um sentimento nada nobre, a ira, com objetivo de vingança para remir o sangue de um homem, Pátroclo, seu maior amigo.

É por isso que não se pode dizer que sua causa de luta tenha sido movida por patriotismo ou para defender uma ideologia divina, como fora no caso de Moisés. Moisés, um homem de origem natural, filho apenas de um homem e de uma mulher, embora seja ele chamado de príncipe do Egito, e por isso poderia também, se quisesse, se comportar como um semideus, fora na verdade um simples pastor de ovelhas. Depois que foge para não ser morto às mãos de sua própria gente, os egípcios, uma vez que fora criado como filho da filha de faraó. Moisés depois de receber uma ordem divina dos lábios do próprio Jeová, se porta como alguém menor e diz que não tem qualificação oratória para convencer o todo-poderoso Faraó, para que liberte o povo judeu.

Depois de ser convencido por Deus, de que não precisaria lutar, que apenas devia confiar nas palavras do seu Deus e dos seus antepassados, Abrão, Izaque e Jacó, parte para aquela que seria a maior vitória vencida sem a força das espadas. Portanto, reside aí toda revelação possível para se compreender a distância entre um herói e outro, embora tenha sido Moisés quem conduzira o povo, o mérito foi atribuído apenas ao poder de Deus, através das dez pragas e da abertura do mar vermelho, evento este que até hoje não se repetiu na história nem tampouco na literatura. 

Os dois heróis são forjados de essências bem distintas: Um foi levantado para resgatar uma nação das mãos da tirania escravagista, e o outro foi despertado por sentimentos comuns apenas aos mortais, que é a ira e a vingança. Qual fora o motivo da guerra dos gregos contra os troianos? Aquiles entra em um combate de terceiros, tendo em vista o motivo que levou os gregos a lutarem contra os troianos: o rapto de Helena esposa do rei de Esparta, Menelau, por Páris, filho do rei Príamo, de Troia.